A Austrália é um pais de dimensões continentais, sua amplitude oferece as mais diversas belezas naturais, ao norte um clima quente o ano todo e mares com águas cristalinas, já ao sul as quatro estações são presentes com paisagens que vão da serra ao mar, e lembram algumas regiões da Europa
O povo é reconhecidamente acolhedor e alegre, contando com a presença de imigrantes dos mais diversos países, mesmo tendo sua colonização realizada pelos europeus. Um pais jovem, com muitos empreendedores dispostos a inovar e até mudar o mundo. Uma das maiores potências do planeta, e com uma economia bastante influenciado pela exportação de commodities. Este é o nosso Brasil, mas também é a Austrália, e infelizmente as semelhanças param por aqui quando entramos no âmbito econômico. A Austrália, é o Brasil que deu certo!
Foto: Pavel
Os primeiros colonizadores que chegaram na terra dos cangurus, ao final do Século XVIII, para estabelecer uma colônia penal. E hoje, mais de 200 anos depois são aproximadamente 20 milhões de habitantes no país, sendo que 25% da atual população é composta por imigrantes, que vieram de outros países para buscar uma vida melhor por aqui. Não poderia ser diferente em um país que possui uma das maiores rendas per capita do mundo. Obviamente isso não ocorre por acaso, a Austrália é o quarto país do mundo no ranking de liberdade econômica e esta entre os 15 países com maior facilidade para realizar negócios. Em 2015 a inflação anual foi de 1,7% e o desemprego oscila em 5%, faixa reconhecida como pleno emprego.
Sydney, mesmo não sendo a capital, é a principal cidade da Austrália, poderia dizer que é uma mistura de São Paulo com Rio de Janeiro. A força econômica, o ambiente de negócios e a diversidade de opções gastronômicas lembram muito a capital paulista e as belezas naturais e o clima de praia lembram a cidade dos cariocas. Uma mistura que para alguns pode ser perfeita, e tornasse ainda mais relevante quando o principais benefícios de uma economia altamente desenvolvida entram em cena, como a segurança, a educação, a distribuição de renda e a qualidade de vida.
Foto: australia.com
Os exemplos de segurança no cotidiano do australiano não se diferenciam muito dos demais países desenvolvidos do mundo, mas sempre surpreendem os brasileiros e nos fazem refletir sobre a realidade do nosso país. Ir a praia e deixar o celular e a carteira na areia enquanto sai para caminhar ou simplesmente estar em uma praça como estou agora, escrevendo este texto sem nenhuma preocupação de alguém furtar meu notebook, são alguns dos inúmeros benefícios presentes por aqui. E, da mesma forma que na Nova Zelândia, aqui posso abastecer o carro em um posto de gasolina de alto fluxo, aqueles próximos dos aeroportos, simplesmente pegando a bomba de gasolina e enchendo o tanque, sem precisar pagar nada antes ou deixar o cartão de crédito em garantia. Esses são exemplos claros de confiança nas pessoas, e que automaticamente geram a sensação de segurança que todo brasileiro sonha em ter em casa. Afinal se ninguém abastece o carro e sai sem pagar, ninguém vai me roubar na rua, muito menos matar por um par de tênis ou um relógio.
A distribuição de renda é visível, um operário da construção civil tem uma renda mensal que pode chegar ao dobro de um funcionário de nível médio em uma empresa. O trabalho que exige força física é tão valorizado quanto o trabalho intelectual, o que atrai muitos imigrantes, tornando-se uma forma rápida de obter uma boa remuneração.
Os incentivos ao empreendedorismo e a inovação são enormes, o governo tem a visão correta de que são estes pilares que irão guiar o continuo crescimento da nação. São abertas em média 200 mil novas empresas por ano, no mundo somente a Rússia e o Reino Unido abrem mais empresas. Para efeito de comparação, no Brasil são 70 mil novas empresas por ano, com uma população 10 vezes maior. As startups recebem do governo diversos incentivos, que vão desde o governo pagar 50% de todo o gasto da empresa com pesquisa e inovação, incluindo a folha de pagamento, até capitalizar as empresas junto com investidores! Por exemplo: se você recebe U$100 mil de um investidor estrangeiro o governo investe o mesmo valor.
Foto: Reprodução Google
É a soma de diversas ações em prol do desenvolvimento da nação, que resultam em um pais desenvolvido. Mas por aqui, no “Brasil que deu certo” os benefícios do desenvolvimento, como a segurança, a educação, a distribuição de renda e a qualidade de vida tem o seu custo. E este é um custo que muitos brasileiros não estão acostumados a pagar: cumprimento das regras. Por aqui a lei é para ser cumprida, não adianta reclamar. Ao contrário do Brasil, que infelizmente é o único lugar do mundo onde existem as expressões “proibido” e “expressamente proibido” (simplesmente porque só o “proibido” não é suficiente para a regra ser cumprida).
Durante os mais de 30 dias que estive na Austrália fui cinco vezes abordado por policiais na estrada por conta de excesso de velocidade. Considerando que a maioria dos deslocamentos realizei de avião, as poucas vezes que peguei estrada fui parado pelos policiais. Simplesmente porque eu, como acredito que aconteça com a maioria dos motoristas brasileiros, quando estão em uma estrada de velocidade máxima de 100 Km/h não reduzem imediatamente quando surge uma placa de 60 km/h ou 40 km/h por conta de uma zona urbana, obras na pista ou qualquer outro motivo. Erro meu, costume de viver em um país que não exige cumprimento de regras. Por aqui todos reduzem imediatamente para a velocidade indicada na placa, e se não reduzir será multado. Ou seja, aqui existe uma fiscalização muito severa no cumprimento das regras. Para atravessar a rua é só na faixa de segurança, e se fizer isto fora dela, será multado, isso mesmo, o pedestre também é multado. E se andar no banco de trás do carro, sem cinto de segurança você também será multado. Sim, você, não o motorista.
Foto: cityofsydney.nsw.gov.au
Obviamente toda esta rigidez no cumprimento das normas também é transferida para o âmbito politico e econômico, o que forma o alicerce para a construção de um país com um dos menores níveis de corrupção do mundo. Ou seja, nós brasileiros se queremos que as regras sejam cumpridas lá em Brasilia, também precisamos criar a cultura do “proibido” e não esperar a placa de “expressamente proibido” ou a multa para cumprir de verdade as regras, seja no trânsito, nos negócios e em todas relações comerciais do nosso dia a dia. Esta mudança de uma cultura já enraizada na população só será possível com muita fiscalização e tolerância zero, isto vai incomodar alguns e fazer muitos outros se sentirem injustiçados, afinal sempre funcionou com o jeitinho brasileiro. Mas sem dúvida isto faz parte do caminho para o nosso Brasil dar certo, “No pain, no gain”.
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Fonte: Matéria originalmente – StarSe no Mundo , por Eduardo Glitz
Foto de Capa: Nicki Mannix