Entenda em 4 perguntas porque a cidade tem sido apontada como destino para a efervescência do cenário de tecnologia
O comissário de Dublin para startups, Niamh Bushnell, reagiu à decisão de o Reino Unido sair da União Europeia emitindo um comunicado de imprensa chamado de “Graças ao Brexit”. O ponto abordado por ele no texto é que, após a votação da semana passada, pontos de interrogação pairam sobre quase todos os principais ingredientes que fazem de Londres tão atraente para empresas de tecnologia.
Assim, como única capital restante de língua inglesa na União Europeia, Dublin terá a chance de se destacar no cenário do conturbado divórcio de Londres de Bruxelas. Deve a capital irlandesa se preparar para uma onda de empresários e empreendedores de tecnologia?
Empresas que já elegeram Dublin para suas sedes na Europa incluem Twitter, Airbnb e Slack. Elas estão instaladas em um bairro batizado de “Googletown” por causa do vasto campus do Google lá.
A Apple emprega cerca de 5,5 mil pessoas na Irlanda. O Google cerca de 6 mil, a Microsoft em torno de 2 mil e a Dell cerca de 2,5 mil. Juntas, as companhias de tecnologia empregam mais de 80 mil pessoas na Irlanda, de acordo com a IDA Ireland, que tem como missão atrair investimento estrangeiro.
O que faz de Dublin atraente?
Dublin mostra-se atraente. Além de uma população jovem que fala inglês, tem grande abertura para talentos de fora do país e um governo que busca atrair empresas de tecnologia. Mas, talvez mais notavelmente, a Irlanda oferece o menor imposto entre todas as nações da Europa Ocidental: 12,5%.
A cidade também oferece um lugar atraente para o licenciamento de direitos de propriedade intelectual, com patentes e rendimentos sujeitos a imposto de apenas 6,25% em muitos casos, e créditos fiscais de 25% disponíveis para investir em pesquisa e desenvolvimento. É por isso que muitas empresas de tecnologia norte-americanas utilizam a Irlanda como base para o licenciamento de sua tecnologia para todas suas filiais europeias.
Então, a Irlanda não será afetada pelo Brexit?
Não, está claro ainda qual será o impacto na União Europeia depois que o Reino Unido deixar o grupo. Contudo, temas como limites para a imigração foi um componente central para a campanha de sair e há conversas casuais que buscam impor regras mais fortes que existem hoje no Reino Unido.
Mas isso não se aplica à Irlanda. Enquanto empresas de tecnologia com base no Reino Unido podem ser forçadas a navegar em um sistema de autorização de trabalho labiríntica, a Irlanda continuará a permitir que o talento europeu se desenvolva lá.
Coincidência ou não, o governo irlandês nesta semana estabeleceu um plano para investir cerca de 2 milhões de euros em uma tentativa de atrair cerca de 3 mil trabalhadores adicionais de tecnologia para a Irlanda, com mercados-alvo incluindo Europa Central e do Sul.
Dublin é a escolha óbvia?
Não é tão simples assim. Londres é, de certa forma, barata para grandes empresas de tecnologia. Além disso, com a saída do Reino Unido da União Europeia, a Irlanda vai perder um valioso aliado na luta para manter sua taxa de imposto de 12,5%.
Outros centros de tecnologia em países da União Europeia também estão lutando para atrair talentos de tecnologia. Berlim, em particular, tem uma cena de startup próspera e tem atraído um grande número de fundadores e engenheiros de toda a EU.
A UE luta contra sua própria batalha sobre impostos na Irlanda?
Sim. A Comissão Europeia está sondando relações fiscais da Apple na Irlanda. Com uma decisão esperada já no próximo mês, tanto a Irlanda quanto a Apple estão se preparando para uma perda. Mas a UE estaria disposta a aceitar a justificativa de que a Apple teria recebido a partir da Irlanda e assim não teria realizado nenhuma ação contrária ao sistema fiscal do país.
Fonte: IT Forum 365