O presidente dos Estados Unidos Donald Trump, apresentou nesta quarta-feira (2) um projeto de lei que visa mudar os critérios de permissão do green card (visto necessário para morar no país), facilitando o acesso ao documento para “imigrantes qualificados”, segundo informações do site da Casa Branca.
A lei, que precisa ser aprovada no Congresso, foi batizada de RAISE (sigla em inglês para “reformar a imigração americana para fortalecer os empregos”) e estabelece um novo sistema baseado em méritos – similar com o adotado na Austrália e Canadá. Ou seja, aqueles imigrantes que demonstrarem habilidades profissionais, como falar inglês, tiverem formação útil, sejam empreendedores ou estabilidade financeira, teriam mais chance de conseguir o documento.
Na Casa Branca, junto com os senadores também republicanos David Perdue da Geórgia e Tom Cotton do Arkansas, Trump disse que a legislação revisada “representaria uma reforma mais significativa do sistema de imigração”, de acordo com o The Washington Times.
Além disso, o presidente acredita que, a medida reduzirá a pobreza, aumentará os salários e economizará bilhões de dólares dos contribuintes”. De acordo com o projeto, a nova lei reduziria a imigração legal pela metade, para 500 mil pessoas por ano, na próxima década.
O senador Cotton afirmou durante a reunião que o atual sistema de imigração é “um desastre obsoleto” no qual apenas 1 imigrante em cada 15 vão para os EUA por conta das suas habilidades profissionais.
Trump acredita que a mudança na concessão dos greencards seja necessária, porque os imigrantes têm menores salários e sobrecarregam o sistema americano, que já conta com trabalhadores não qualificados que nasceram no país, e que perdem oportunidades de trabalho para estrangeiros. “O novo sistema vai trazer pessoas que contribuam para nossa economia, afirma.
Ao site, Roy Beck, presidente da Numbers USA (que busca diminuir a imigração no país), afirmou que as pesquisas recentes da empresa “confirmam que os eleitores querem diminuir a imigração porque sabem que em massa cria uma concorrência desleal para os trabalhadores americanos”, disse.
No entanto, a medida que Trump defende é vista com cautela por especialistas da área. O professor da Faculdade de Direito da Universidade de Cornell, Stephen Yale-Loehr, que estuda política de imigração, afirmou ao portal que as chances do Congresso aprovar esse projeto de lei “são escassas”. O professor acredita que “a reforma da imigração é complexa e controversa”.
Leonardo Freitas, sócio-fundador da consultoria americana Hayman-Woodward afirma que nada muda sem aprovação do Congresso. “Nada muda de imediato. Estamos em uma fase ainda inicial.
O Congresso deve receber a proposta e iniciar uma sequência de debates e audiências públicas para avaliar o projeto como está e propor mudanças no texto original. Esse processo deve levar alguns meses. Nesse meio tempo, muitas organizações da sociedade civil e empresários contrários a essas medidas irão se pronunciar e fazer pressão para que o texto seja derrubado”, explica.
Segundo dados do Pew Research Center, 14% da população dos EUA é imigrante. E se as tendências demográficas atuais continuarem, os números devem aumentar ainda mais. Entre 2015 e 2065, eles deverão representar 88% do aumento da população dos EUA, ou 103 milhões de pessoas, considerando que a nação aumente para 441 milhões.
Fonte: InfoMoney