Desfazendo as malas em Dublin. Adaptação

desfazendo as malas em dublin

Entender o sotaque Irlandês. O primeiro desafio da adaptação

Chegamos no aeroporto de Dublin. Corri para o toalhete pois evitei ao máximo o banheiro do avião. Eis que me deparo com algumas mulheres Irlandesas, com penteados característicos: uma espécie de coque no meio da cabeça e uma maquiagem bem particular, era um tom de laranja na base, acredito que façam isso para tentar ter um efeito bronzeado, mas… enfim… Foi dada a largada para a minha primeira aula de listening em terra Irlandesa. As duas divas (eram lindas) começaram um diálogo intenso, sem vírgula ou respiração, a verdadeira arte de controle do diafragma. Enquanto isso na “sala de justiça”quem tem mais de trinta vai lembrar -, eu secava minhas mãos e me perguntava: Por que Cac@#$% mesmo paguei curso de inglês no Brasil? Não entendia uma palavra sequer, actually, ao final da conversa, uma delas sussurra para a outra:  – “Oh- my- God”. Peguei uma, yessss.

Gatinho Oh My God
Gatinho Oh My God – Foto Reprodução: Google

No aeroporto, fomos recebidos por uma família que nos apresentou formalmente a Irlanda, facilitando muito a nossa chegada. Conhecemos esse casal por indicação de um amigo muito querido. Foi muito importante e necessário nesse início termos pessoas para nos orientar e nos mostrar o caminho das pedras, agiliza demais esse começo.

Como planejado, nós chegamos no verão,  nessa época o sol permanece vivo até às 21h (quase 22h) e dá para aproveitar cada minutinho desse leve aquecimento natural – qualquer solzinho aqui pode fazer uma diferença danada no nosso humor -. Saindo do aeroporto, pude de cara perceber como os Irlandeses amam o sol, as praças ficam repletas de pessoas, sentadas e até estiradas na grama, como se fossem placas captando o calor do sol, provendo o estoque de energia para encarar o próximo o inverno.

Home sweet home

Conseguimos alugar a nossa casa, sabe aquela história de estar no lugar e hora certa, pois é, foi assim que aconteceu. Já no Brasil estava pesquisando casas e essa chamou minha atenção. Estava dentro da média do valor que pretendíamos pagar, um condomínio fechado com grande área de lazer para o Pedro, muita grama, muitas árvores, pássaros e o mais importante, um lugar calmo e seguro. Tratamos de enviar um e-mail para o Landlord. ( Já tínhamos enviado um e-mail para essa mesma casa lá do Brasil, mas sem resposta). Tivemos sorte por negociarmos direto com o proprietário do imóvel, pois aqui os corretores são muito exigentes, marcam um determinado dia para a visitação, então várias pessoas interessadas em alugar – mercado imobiliário super aquecido – se encontram no mesmo dia. Se todos “candidatos” ficarem interessados na locação, vira “entrevista de emprego,  o corretor vai te encher de perguntas, exigir vários documentos para ter a certeza de que você está apto a alugar e honrar com o compromisso. Não foi o nosso caso. O dono da casa, um Inglês, quando bateu o olho na nossa família disse: – É isso que eu estava procurando. Bom, começamos bem. Depois de nos mostrar a casa,  ele perguntou: Vocês estão felizes? Entendemos que fomos aprovados na “entrevista”. Bingo!

Yess! Mais um passo alcançado, a próxima etapa era deixar o lugar com a nossa cara – Amo decorar, me atento a cada detalhe e acredito que a casa em que iremos viver precisa ter essa identidade particular de cada um. Me traz um sentimento bom entrar na minha home sweet home e ter o prazer de me sentir abraçada. Mas isso é papo para um outro post, vou postar as fotos antes e depois da transformação.

Home Sweet Home
Home Sweet Home – Foto Reprodução: Google

Matriculando o Pedro

Missão da casa cumprida,  agora, as aulas já estavam perto de começar e chegava a hora de matricular o pequeno. Cruzamos os dedos, respiramos fundo e fomos lá conhecer a escola. A estrutura física era bem diferente da que estávamos acostumados no Brasil. Uma espécie de “caixa” cinza com janelas sem muitos atrativos. Mas quando entramos, fomos recebidos pelo Principal, o diretor, que nos deu as boas-vindas. Em seguida, fomos encaminhados por ele para a secretaria para acertarmos os detalhes da matrícula. Fomos muito bem acolhidos, recebidos por profissionais atenciosos e dispostos a tirar qualquer dúvida daqueles pais que nunca estiveram numa escola Irish. Não posso esquecer de comentar: era uma escola pública. A escola estava localizada num bairro que para os moldes da Irlanda era classificado como de baixa renda, os moradores daquela região vivem com muita dignidade: Casas saneadas, ruas bem cuidadas, carros na garagem como BMWs e até Mercedes. Se formos comparar com os bairros de baixa renda do Brasil, onde as casas sequer possuem saneamento básico entramos em parafuso.

Nas primeiras semanas percebi que não precisava resolver tudo de uma só vez, querer ganhar o mundo em tão pouco tempo, talvez isso atrapalhe a conquista dos seus objetivos. Fizemos um bom planejamento que nos permitiu esse tempo de adaptação, achamos importante conhecer a história do local, ampliando o sentimento de respeito pelo povo Irlandês e a sua maravilhosa cultura.  Mas é claro que não devemos deixar o tempo passar. É imprescindível que tenhamos tempo para entender como será essa nova vida, conhecer o funcionamento básico das coisas, as novas regras do dia a dia para nos sentirmos confortáveis, quais as roupas adequadas para cada estação, saber como funciona um transporte público, abrir conta bancária, contratar serviços de TV e internet, fazer compras e ver qual o mercado que você se e o seu bolso se identificam mais – farei depois um post sobre os principais mercados – qual a melhor empresa de telefonia, até mesmo como programar o boiler para ter a sua água sempre aquecida.

Entendo que cada caso é um caso e pessoas são diferentes, por isso um bom planejamento pode fazer a diferença. 😉

Foto: pt.forwallpaper.com

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