Hospedar ou não hospedar? A difícil arte de dizer não

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Quando pensei pela primeira vez na possibilidade de vir morar na Irlanda, percebi o quanto existem pessoas solicitas e que pensam sempre em nos ajudar.

Alguns amigos quando souberam da nossa vinda para Dublin, imediatamente diziam: Tenho uns amigos por lá que podem te ajudar... Então, peguei o contato dessas pessoas e confesso que até conversei com algumas delas.

Achei que seria bem interessante pegar dicas e mesmo ter conhecidos próximos, porém, decidi que não iria procurá-los. Mas por que Débora? Acredito que seja para não parecer que queria “algo” ou até mesmo “dar” trabalho.

Quando pensei em sair do meu país, do meu emprego, do conforto da minha casa, e para longe dos meus amigos, era para conquistar um algo meu de verdade. Sem contar que eu já tinha feito um planejamento para me orientar, seja em um bom cenário, seja em um pior cenário. “Não queria sair da casa dos meus familiares e continuar levando a roupa pra lavar”… Entende?

Após 2 anos morando aqui entendi o quanto é inconveniente quando brota uma mensagem daquele amigo especial que nunca mais falou com você, mas por um momento confesso a felicidade que senti em receber essa mensagem, essa alegria foi momentânea, até perceber que na verdade se tratava do seguinte conteúdo: Tem um amigo meu indo ai, você poderia ajudar ele? Tem um espacinho por aí? Hehehe …

Sinceramente é dificil saber o que responder, porém acabo respondendo…Claro que ajudo.

Mas vamos parar para pensar, imagina você hospedar uma pessoa que não faz ideia de quem seja? Não tem ideia das expectativas, das necessidades, nem mesmo dos gostos, se ela será compatível com a sua rotina, além da perda da privacidade que ambas terão. Outro ponto importante a ser dito é a mudança que a sua vida teve depois da saída do Brasil, TUDO muda, você muda!

Até aí, ficamos naquela expectativa e torcendo para que aquele sim dito não se torne um problema futuro na sua vida, mas, não temos como prever, né?

Como eu e meu namorado moramos bem pertinho do centro de Dublin, o que não falta são os amigos, os amigos do amigo, os amigos do colega do amigo com aquela mensagem clássica: Você não imagina para onde estou indo? [Eu em frações de segundo penso: Não me diga que é para Dublin?! ] Eis que vem a voz totalmente inquieta do outro lado da linha com todas as letras: D-U-B-L-I-N [INNNNNNNNN]!

E a conversa continua com aquele tom totalmente “sem compromisso”: Vou dar um pulinho aí para passar o find, na verdade serão 5 dias. Opa! Que final de semana grande! Imagina o final da conversa, né? Casa, levar ali, acolá e na Moly Malone para pegar nos seios e voltar para o Brasil cheio de sorte, visitar o mesmo ponto turístico por várias vezes e sempre emprestamos casacos, pois ninguém leva fé no frio daqui.

Bom senso é bem-vindo

Infelizmente não são todas as pessoas que possuem o bom senso de quando e como chegar, na verdade, se é realmente conveniente chegar.

Claro que se você for um familiar muito próximo ou até mesmo um amigo que tem total intimidade, vá para uma visita, mas respeite as regras e os horários da casa, dois ou três dias é o suficiente para matar a saudade.

E pode ter a certeza que as pessoas mudam suas rotinas para te fazer se sentir bem, se sentir em casa, querem muito sua permanência, caso seja mesmo uma pessoa querida. E lembrem-se nem sempre estamos preparados com aquela grana reservada para tais despesas. 😉

Mas não vamos esquecer… Nós mulheres temos TPM, acordamos de mau humor, até mesmo o marido e aqui na Irlanda o maior problema acredito que sejam as contas no inverno, logo, os banhos precisam ser rápidos e os aquecedores não podem ficar full time ligados.

Agora, caso não tenha essa aproximação, please, pense duas vezes antes de tentar martelar uma acomodação. 😉

 

 

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