Após caso de brasileira, Irlanda terá nova ala para acolher imigrantes barrados

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O governo irlandês reformará uma ala no aeroporto de Dublin a partir de setembro para abrigar estrangeiros barrados pela imigração. Constrangimentos como o da campineira Paloma Aparecida Silva Carvalho, barrada no aeroporto e levada para uma prisão com criminosos comuns no dia 18, poderiam ser evitados caso essa ala já estivesse em funcionamento. O caso teve repercussão negativa no Brasil e na própria Irlanda.

Segundo a mãe de Paloma, Vandete Carvalho, a informação foi dada em uma reunião realizada segunda-feira (24) em Dublin entre representantes da família da brasileira, do governo irlandês e da Embaixada do Brasil na Irlanda. Ela também terá seu passaporte devolvido assim que remarcar sua passagem de volta ao Brasil, que estava prevista inicialmente para setembro.

A reforma da ala no aeroporto foi confirmada pela Embaixada da Irlanda no Brasil, que não informa se há ligação da obra com a prisão de Paloma alegando que o “Departamento de Justiça e Igualdade não faz comentários sobre casos individuais”. Segundo a embaixada, as obras serão feitas sob a supervisão da polícia irlandesa e começam em setembro, com previsão de conclusão em 10 meses. O local terá um posto da polícia, área administrativa e de detenção.

A Embaixada do Brasil na Irlanda não comentou o resultado da reunião, mas informou que reiteradas vezes criticou a detenção de brasileiros em celas de presídios com criminosos comuns após serem barrados pela imigração.

Campanha

O caso de Paloma resultou em uma campanha pela internet na Irlanda para liberá-la da prisão, onde ficou por um dia, permitindo que ela ficasse na casa de uma família de amigos até ser deportada. Ela continua na casa dessa família, onde trabalhou como babá quando morou por dois anos na Irlanda para estudar.

A família de Paloma ficou indignada com o tratamento, alegando que ela tinha dinheiro suficiente para ficar no país, documentação em dia, local para ficar e passagem de volta comprada. As críticas não foram em relação a ela ser barrada, mas pelo fato de ir para em uma cela com presos que cometeram delitos comuns.

Paloma precisou de tratamento psicológico após ser liberada. Ela tinha ido à Suíça para conhecer a família do noivo e, na volta, planejava visitar amigos na Irlanda e ficar até setembro antes de voltar ao Brasil.

Sistema justo

A Irlanda rebateu as críticas dizendo opera um sistema de imigração justo, seguro e um dos menos onerosos para os visitantes. “Os oficiais de imigração respeitam a dignidade de todas as pessoas com quem se envolvem e desempenham suas funções com profissionalismo e cuidado”, afirmou o Departamento de Justiça e Igualdade em nota

Em relação à recusa de permissão para entrar no Estado, há no total 12 motivos em que um agente de imigração pode se recusar a dar permissão para entrar no Estado e estes são estabelecidos na Lei de Imigração. Os agentes são obrigados a fornecer uma notificação por escrito à pessoa cuja entrada foi recusada na qual estabelece os motivos da decisão. As traduções também são fornecidas quando necessário. A família de Paloma não informou se ela recebeu essa notificação.

A lei também estabelece que a pessoa barrada pode ser presa por um agente de imigração ou um membro da Garda Síochána (os policias irlandeses) com o objetivo de facilitar sua remoção do Estado, o que deve ser o mais breve possível. É prática embarcar pessoas com entrada recusada no Estado no próximo voo ou navio disponível.

Fonte: G1.globo.com

 

 

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