Suiça irá facilitar o processo de Nacionalização para imigrantes de terceira geração

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Maioria dos suíços e governos locais aprovam fim de testes e entrevistas para 25 mil pessoas

A Suíça aceitou ontem facilitar o caminho para a nacionalização a imigrantes de terceira geração, que até hoje tinham de atravessar um processo longo e exigente para conseguir a cidadania suíça, mesmo tendo nascido no país. A votação de ontem garante um processo mais fácil para os netos dos imigrantes portugueses, espanhóis e italianos, chegados em grandes vagas nos anos 50 e 60, que deixam de ter de realizar testes e entrevistas para conseguir a nacionalidade suíça caso os seus avós tenham sido residentes a tempo inteiro.

A proposta venceu o processo conhecido como a “dupla maioria”, que requer o voto positivo da maioria dos cantões e maioria da população. As projeções de ontem indicavam que 60,4% dos suíços votaram favoravelmente a proposta, assim como a grande maioria dos cantões – só sete cantões alemães o recusaram, de um total de 26. A oposição da direita nacionalista sai derrotada do referendo, que, sendo aprovado, argumentava, levaria à “islamização” da Suíça, mesmo que a nova lei afete apenas 25 mil pessoas, a grande maioria descendentes de italianos.

O Partido do Povo da Suíça, a formação nacionalista, argumentava para além do mais que a medida referendada ontem se transformaria num primeiro passo para que a população imigrante suíça – 25% de todos os residentes – atingisse a nacionalidade em breve. Mas o tom mais poderoso da sua campanha era o argumento islamofóbico: um dos cartazes que apelava ao “não” protagonizava uma mulher vestida num nicabe com um sinal proibido. Ao revelarem-se os resultados, porém, a formação nacionalista adotou um tom mais conciliatório:“Os suíços decidiram facilitar a nacionalidade a italianos, espanhóis e portugueses, gente culturalmente muito próxima a nós”, declarou ontem um porta-voz do SVP, indicando, contudo, que o partido quer opor-se a propostas de dupla-nacionalidade no futuro.


A Suíça não concede direito de cidadania a quem tenha nascido no país. O direito de nacionalidade é hereditário (jus sanguinis, como escreve o “El País”), o que significa que só é cidadão suíço quem tenha nascido de pais suíços. O processo atual de cidadania exige que os residentes esperem pelo menos 12 anos antes de poderem concorrer e sejam aprovados em entrevistas e testes, o que, escrevia ontem a BBC, pode resultar num processo dispendioso, para além de demorado. Mais de metade dos imigrantes de terceira geração na Suíça são descendentes de italianos, mas há também grandes grupos turcos e dos Balcãs.

 

Fonte: JornalI.sapo.pt

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