Quem costuma a viajar de avião sabe que a turbulência é responsável por um desconforto que incomoda, seguido de uma sensação de impotência, ainda mais considerando o fato de que não sabemos ao certo o motivo pelo qual o avião está chacoalhando. Um passageiro que como eu sente o mesmo incomodo, resolveu fazer uma espécie de entrevista com alguns pilotos que explicaram os reais riscos de uma turbulência.
Um ex-piloto militar que atualmente trabalha como diretor de um grupo de projetos em aviação afirmou categoricamente que não há perigo.
Turbulência não é algo para se ter medo. Aviões modernos são projetados para aguentar muito mais força do que uma turbulência pode criar. Eles simplesmente não vão quebrar – Keith Tonkin.
Para se ter uma ideia da resistência dos aviões, Tonkin afirmou ainda que aviões militares penetram no meio de ciclones com regularidade a fim de realizar algumas leituras meteorológicas.
Evitamos turbulência porque é estressante para os passageiros, mas, para os pilotos, isso não é um problema
O que causa a Turbulência
Existem três categorias que as turbulências se enquadram: térmica, cisalhamento e a mecânica.
Termica
Essa é bem comum e acontece quando o ar quente se levanta, como num processo de fervura de água. A sensação é como se você estivesse passando por uma lombada, só que a 800km/h. Se você já teve a oportunidade de voar com um tempo carregado de nuvens durante a decolagem, certamente você já sentiu uma térmica.
Mecânica
Turbulência mecânica é provocada por algumas estruturas físicas que atrapalham o percurso natural do vento, como as montanhas e grandes edifícios. Esse tipo de turbulência é bem perigoso, mas muito fácil de ser evitado, por isso os pilotos não voam em baixas altitudes perto de grandes estruturas.
Cisalhamento
Essa acontece quando bolsões de ar começam a se mover em sentido contrario. É um momento assustador pois não há como prever a força do impacto, acontecendo quando as aeronaves entram e saem de uma corrente de ar.
O que é uma corrente de vento?
Imagine uma estrada feita de ar, uma grande faixa que fica na atmosfera. Os pilotos costumam entrar nesse fluxo para pegar uma espécie de carona, diminuindo assim o consumo de combustível. Você certamente já escutou aquele pequeno alarme do cinto de segurança, quando tudo parecia tranquilo no voo, é nesse momento que os pilotos estão se preparando para entrar ou sair desta corrente de vento, mas não se preocupe, o piloto já possui todas as informações de outros voos que passaram pela mesma faixa e já transmitiram todos os dados sobre o quão severo foi a turbulência desta zona.
Uma turbulência leve apenas irá balançar levemente o avião, movimentando entre 30 a 60 centímetros. Já a moderada, é aquela que os comissários já indicam o sinal de colocar o sinto de segurança. Já a turbulência severa, é possível que objetos sejam lançados e até pessoas. A mais perigosa é a turbulência extrema, que podemos dizer que é a soma de todos os receios e medos de um passageiro. Imagine que o avião pode despencar ou até mesmo subir por 30 metros em questão de segundos. Existem casos que passageiros morreram por serem arremessados quando estavam sem o sinto de segurança.
De 1980 a 2008, veículos aéreos de passageiros dos EUA tiveram 234 acidentes com turbulência, resultando em 298 pessoas seriamente feridas e três mortes.
A turbulência extrema é mesmo algo muito raro de acontecer.
Havia uma tempestade e alguma turbulência mecânica sobre as montanhas, e eu estava voando bem baixo, a cerca de 3 mil metros. O avião não era pressurizado, e fiquei com medo de desmaiar. Eu estava com o nariz para baixo o tempo todo, mas pulei uns 700 metros. É em momento assim que você realmente merece seu salário de piloto – Ron Bartsch é o presidente da AvLaw Consulting e ex-chefe da segurança da Qantas
Por motivos como esse que os aviões comerciais evitam ao máximo as turbulências, contornando montanhas a mais de 3 mil metros de altura ou até mesmo desviando de tempestades, em vez de passar por elas. Eles fazem isso não porque o avião não irá resistir ao impacto, mas principalmente porque o passageiro não entende o que se passa.
Segundo especialistas, mais de três bilhões de pessoas voaram no ano de 2014, com apenas 692 mortes considerando apenas voos comerciais, sendo assim, seria mais fácil ganharmos na loteria do que morrermos num acidente de avião.