Quando se fala em transporte autônomo, é fácil já pensar em carros, como os que vêm sendo testados por várias empresas (entre elas, Uber, Apple e Google) e universidades (como a USP, que desenvolveu um caminhão autônomo em parceria com a Scania).
Mas esse é um processo que não se restringe ao meio rodoviário. Trens e navios avançam no mesmo sentido, na expectativa de que a automação traga competitividade no transporte de cargas. Já na aviação, um dos motivos para a mudança é a preocupação com a futura falta de mão de obra – a Boeing estima que, até 2035, o setor vá precisar de mais de 600 mil novos pilotos.
Nesse cenário, a companhia americana Aurora Flight Sciences decidiu abordar a automação por um caminho diferente. Em vez de apostar no desenvolvimento de novas aeronaves, que substituiriam a frota existente, a empresa vem investindo na criação de um robô capaz de assumir o manche de aviões comuns.
A ideia é que esse robô atue em parceria com o piloto, como um copiloto que não se cansa, não se estressa e nem se distrai.
A proposta é muito mais que um piloto automático, já que o robô consegue, por exemplo, visualizar o painel de controle, identificar que interruptores estão ligados ou desligados e muda-los para a posição desejada. Além disso, ele pode ser “alimentado” com informações sobre todos os voos já realizados naquele sistema, aprendendo como reagir a partir de todas as intercorrências já registradas.
O projeto, batizado de ALIAS (Aircrew Labor Cockpit Automation System) é financiado pelo governo norte-americano. Segundo a Aurora, basta um mês para deixar um avião comum pronto para receber esse robô piloto. E a mudança é reversível, ou seja, se for necessário, é possível reajustar os equipamentos na cabine e deixar tudo como antes.
A novidade já foi testada em três diferentes tipos de avião (um deles, militar). Em um dos vídeos divulgados pela empresa, é possível ver o robô conduzindo um Cessna Caravan em pleno voo. Mas é em outro, no simulador de um Boeing 737, que dá para observar com mais clareza como a máquina se comporta, usando um braço robótico para executar tarefas tais como destravar o acelerador e mudar a velocidade da aeronave (assista abaixo).
O projeto está em fase de desenvolvimento e sua adoção demandaria, entre outros aspectos, uma avaliação profunda por parte dos órgãos responsáveis pela segurança dos voos (tarefa que cabe, nos Estados Unidos, à Federal Aviation Administration). Ou seja, a transição para esse sistema pode demorar muitos anos. Mas o ganho de segurança é justamente um dos argumentos da empresa.
Segundo a Aurora, a novidade poderia liberar o piloto para que ele pense de forma estratégica, especialmente em situações estressantes ou de emergência, enquanto o robô se ocupa de tarefas complementares.
A Aurora não está sozinha nesse caminho. Pesquisadores do Korea Advanced Institute of Science and Technology desenvolveram o Pibot (cujo nome vem da junção de pilot e robot), um robô humanoide capaz de substituir o piloto em missões consideradas perigosas.
E você, como se sentiria sabendo que está a bordo de um avião pilotado por um robô como esse?
Fonte: Época Negócios
Foto: Reprodução