Até 2100 Lisboa pode virar um deserto. Entenda

Até 2100 Lisboa pode virar um deserto. Entenda

O Quartz refere que há poucos lugares no mundo a superar o Mediterrâneo como destino de férias de verão, mas a situação pode alterar-se em poucas décadas. A culpa é das alterações climáticas.

Em 2100, a capital portuguesa pode ser afetada pela desertificação e as restantes cidades costeiras tornar-se-ão demasiado quentes, caso as alterações climáticas não sejam atenuadas. O alerta é dado pelo site Quartz.

As projeções apresentadas pela publicação vêm de Joel Guiot, do Instituto de Investigação para o Desenvolvimento e de Wolfgang Crame, do Centro Nacional de Pesquisa Científica, ambos em França. No estudo Climate change: The 2015 Paris Agreement thresholds and Mediterranean basin ecosystems, divulgado no dia 28 de outubro, pela na revista Science, os investigadores utilizaram modelos climáticos que podem reconstruir com precisão de 10 mil anos de mudanças nos ecossistemas.

Joel Guiot e Wolfgang Crame explicaram que o clima mediterrânico só se pode manter como está atualmente caso haja uma redução das emissões de dióxido de carbono, suficiente para manter os níveis de temperatura global a menos de 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais.

O problema é que os especialistas acreditam que é pouco provável que se concretize, ainda a que este seja o objetivo principal dos países que assinaram o Acordo de Paris. Caso se consiga impedir que as temperaturas globais atinjam valores acima dos 2ºC dos níveis pré-industriais, esta deslocação do deserto iria restringir-se às regiões no norte de Marrocos e da Tunísia e ao extremo sul de Espanha.

A publicação sublinha que os seres humanos podem-se adaptar a esta nova realidade, mas o clima vai alterar a composição das plantas e dos animais que vivem nessa área.

O cenário não é o mais animador se a emissão de dióxido de carbono se mantiver nos níveis atuais. A desertificação vai acontecer na maior parte do território português, em determinadas zonas no sul de Espanha – nas quais se incluem Sevilha e Málaga -, em Itália e na Turquia.

Questionado sobre o estudo, Joel Guiot disse à revista científica Nature que se tivessem tido “a possibilidade de incluir esses impactos humanos [como por exemplo, a degradação do solo através da urbanização], seria ainda pior do que o que nós simulámos”. Isto porque, na investigação, apenas foram utilizados modelos climáticos que incluem o impacto do aumento da temperatura no clima junto às zonas em redor do Mar Mediterrâneo.

Economicamente, os efeitos vão sentir-se no aumento da migração, quer de pessoas quer de animais. De acordo com o estudo, esta mudança climática traz grandes problemas económicos para o país.

Fonte: Jornal Económico

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