Minha vida na Europa. O que mudou? Parte 1

O Castelo de Cashel foi residência dos reis Munster durante 7 séculos, antes da invasão da Normandia (Foto: listofimages)

Em pouco mais de 1 ano que eu e minha família estamos em Dublin pude perceber de cara, a vida na Europa não é para qualquer um. Mais precisamente para os fortes e otimistas.

Não me interpretem mal, mas a realidade é outra. A chegada em outro país na maioria dos casos não é fácil, você precisa se adaptar a cultura, condições climáticas, rotina e também, entender, ser entendido quanto ao idioma e como tudo funciona, além de tentar buscar ser “pertencente” ao local, criando vínculos, se sentindo útil e realizado para que a sua mudança renda bons frutos.

Como tudo na vida tem seu lado “positivo e negativo”, por aqui também não seria diferente. Quem toma a decisão de morar fora –  geralmente – paga um valor muito alto,  com a ausência de familiares e amigos, uma nova adaptação, investimento de tempo e dinheiro.

Não ter sua zona de conforto pode gerar sentimentos adormecidos que nem mesmo você conhecia. Contudo, sabendo equilibrar, persistindo, administrando a saudade e acreditando que tudo vai dar certo, a moeda de troca pode ser bem valiosa.

Quando recebo e-mails, mensagens de pessoas que me perguntam sobre essa trajetória sempre incentivo a NÃO desistir, lembrando sempre que um bom planejamento é simplesmente fundamental para que essa “aposta” não seja frustante. Então, nada melhor que tomar fôlego,  seguir em frente e a famosa frase: Força na peruca! 😉

 

Vou listar o que pude perceber, dentro de um ponto de vista muito particular, o meu.

1.Consegui visualizar e apreciar finalmente as 4 estações do ano,  valorizar um dia de sol e principalmente quando posso sentir um calorzinho na pele.

2. Admiro o povo Irlandes. As mães por aqui , geralmente tem mais de 3 filhos e eu achando que com 1 só tinha trabalho. Elas andam com seus carrinhos de bebês (as vezes com 2, 3 assentos, e um degrauzinho para o maior) faça sol, chuva, vento, frio e é de impressionar o malabarismo delas com tanta criança e sem babá.

3. Nunca vi tantos gêmeos em um só local

4. Tenho medo de beber a água daqui, vai que é ela a responsável por essa “benção” da procriação. [Brincadeirinha].

5. Eles não entendem a quantidade de vezes que os brasileiros tomam banho e escovam os dentes

6. Muitas pessoas conseguem aprender (não tô falando de fluência) o inglês em menos de 1 ano e outras estão há mais de 10 anos e não conseguem se comunicar

7. Tem dias que acho que estou ‘fluente’ no inglês, mas tem outros que parece que não estou entendendo nada

8. Nos primeiros meses eu sentia vergonha de falar o pouco de inglês que eu tinha e com o tempo mesmo aquele ‘inglês de índio’ aprendi que é importante falar, falar, falar, falar

9. Me escondia para não encontrar uma vizinha que tinha o inglês “bem irlandes”  e difícil de entender e sempre ela vinha com perguntas e expressões bem nativas

10. Mudei meu conceito de vida em Dublin, aprendi a dançar conforme a música, mas para melhor. Não fico estressada com o trânsito, dirijo abaixo de 60 km , estou a maioria das vezes no horário, tenho tempo para acompanhar o crescimento do meu filho e suas histórias, não dou importância para 1 roupa a cada dia, dou mais valor a simplicidade, família e as amizades

11. Vou a praia de roupa e não de biquíni

12.Vou para pub, mesmo não bebendo uma gota de álcool e ninguém acredita que prefiro suco e água

13. Fiz amizades com pessoas maravilhosas e afastei naturalmente outras que me sugavam energia

14. Meus amigos no curso acham que Brasileiro fala Espanhol

15. Me policio para pensar sempre no melhor e acreditar que vai dar certo, mesmo quando o obstáculo é grande

16. Minha mãe acha que eu não como, mas na verdade não paro de experimentar novas comidas e como é tudo tão acessível (comparado com o Brasil), eu não paro de comer

17. Ligo para os meus pais todos os dias para amenizar a saudade deles

18. Engordei 8kg, mas depois de 1 ano, me policiei e perdi 4, faltam 4.

19. Os meus amigos do face acha que estou “chique”e milionária (Hahahaha), mas a realidade é outra. Apenas mudamos nossa rotina, percepção de vida

20. Tem mais de 1 ano que não vou a um salão de beleza

21. Minha amiga polonesa quer a cor dos meus olhos castanhos e em troca me daria os seus, ‘azul piscina’ raríssimo!

22. Nunca vi tantos ruivos em um mesmo lugar

23. Conheci pessoas incríveis do mundo todo que me ajudam muito todos os dias

24. Conheci mais o mapa mundi em 1 ano, do que em todos os anos de escola, além de novas culturas e costumes de uma forma natural

25. Às vezes bate aquela saudade dos familiares e amigos, mas pelo fuso horário ser de 4h, você tem que engolir o choro.

26. O frio daqui era mais (e como) do que esperava

27. Viajar entre a Europa pode ser mais barato que o “frescão” (Ônibus do RJ com ar- condicionado)

28. Mesmo tendo um planejamento de viagem com mais de 1 ano, quando cheguei percebi que muitas coisas podiam ser diferentes e tive que refazer meu planejamento

29. Às vezes acho que estou no Brasil por ouvir tantos brasileiros no centro de Dublin

30. O inverno mexe com o húmor e nessas horas é importante ter amigos. Sim. nós fizemos amizades com pessoas incríveis!

31. A nova vida nos primeiros 6 meses é bem “difícil”. o primeiro mês chegamos com o olhar do turista, tudo é novo e atrativo, na sequencia a brincadeira começa a ficar séria e você precisa vencer seu desafios, mesmo que seja o menor eles, como ligar para uma companhia de luz, gás, internet e entender os planos, como contratar (além de entender o inglês irish), mas com o tempo você entende como tudo funciona

32. Se despir de qualquer preconceito, no centro de Dublin você encontra tudo aquilo que não está acostumado no Brasil, o que é muito bom. Aqui, as pessoas não tem o costume de te julgar, observar, se meter na sua vida

33. O meu inglês era “tão bom” quando cheguei que … A professora do meu filho pediu para as crianças irem com camisa de time (De Dublin, claro!), mas o que eu  entendi era para ser qualquer uma e o menino foi o único que não tirou foto, porque foi com camisa do Bahia (Culpa do meu marido)

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