Portugal é hoje um destino muito procurado por quem planeja emigar, principalmente por grande parte dos brasileiros. O clima, a língua, a culinária e o baixo custo de vida tem atraido cada vez mais a mudança para Portugal.
Mas, por outro lado, existe um grande número de portugueses que buscam novas oportunidades em um novo país.
O Europamos entrevistou alguns Portugueses e abordou algumas questões para entender o porquê a Irlanda tem sido um destino muito escolhido por eles, e quem sabe pode ajudar a você que pretente escolher a Irlanda para chamar de lar a esclarecer algumas dúvidas. No Post de hoje conversamos com o Eusebio que se mudou para Dublin com sua esposa e seus 2 filhos, acompanhe como foi essa trajetória e seu ponto de vista em relação à essa mudança.
Europamos: Nome e Idade, cidade que morava em Portugal. Há quanto tempo mora na Irlanda?
Eusébio Resende, 43 anos, morava em Vila do Conde, distrito do Porto. Mudei-me para Dublin, Irlanda em Janeiro de 2017.
Europamos: Por que escolheu a Irlanda? Quais os fatores que influenciaram nessa decisão?
A Irlanda sempre me interessou devido à sua concentração de empresas tecnológicas de referência especialmente na capital Dublin. No meu entender é a “Silicon Valley” da Europa. Esta característica profissional associado à qualidade de vida reportada por amigos portugueses definitivamente influenciaram a minha decisão por este país.
Europamos: Trabalha? Qual a área?
Estou a trabalhar no centro financeiro de Dublin. A minha função é Build/Integrations Engineer o que significa que sou responsável pela qualidade técnica dos produtos lançados pela empresa.
Europamos: Estuda? Qual curso?
Academicamente os meus estudos terminaram nos anos 90. Tenho curso de Engenheiro Técnico de Informática. Mas fiz algumas certificações na área de desenvolvimento e sistemas. Nesta área temos que estar constantemente a estudar se queremos ser competitivos.
Europamos: Chegou na Irlanda com qual nível de inglês?
Sempre tive facilidade com Inglês. Antes de vir para a Irlanda trabalhei com equipas remotas nos Estados Unidos da América e na Europa. Apenas tive que me adaptar ao vocabulário do dia a dia pois o meu vocabulário estava algo limitado à profissão.
Europamos: Houve um planejamento? Por quanto tempo?
Sim, bastante. A vontade de vir para a Irlanda já vem desde 2014, mas o planeamento oficial começou em outubro de 2016 com a primeira tarefa: a de conseguir vaga nas escolas para os meus filhos no ano letivo 2017/2018. Isto mesmo antes de sequer ter um emprego cá. O plano era ter condições para ter cá a família até meados de 2017. Felizmente consegui um bom emprego permanente e em julho consegui arrendar uma casa. Em agosto fizemos a mudança oficial.
Europamos: Qual foi a sua maior dificuldade quando chegou?
Como já tinha onde morar temporariamente nos 6/7 meses seguintes, tudo o resto foi mais simples de resolver. Acho que o mais complicado é arranjar o PPS number e a conta bancária. Graças à minha pesquisa sobre estes assuntos, consegui evitar os problemas que normalmente se tem nestes assuntos que é basicamente o comprovativo de morada e a carta da empresa.
Mas o mais complicado de tudo é arranjar um seguro para o carro que não se compare com uma renda de casa. Isto sim é um desafio. E se não conseguir obter os bônus de não ter acidentes da companhia de seguros anteriores, prepare-se para desembolsar uns 2000€ no mínimo.
Não recomendo a compra de carros cá com mais de 10 anos. Muitas seguradoras simplesmente recusam-se a fazer o seguro ou então pedem 5000€ só para não dizerem que não.
Europamos: O que mais gosta no país? O que não gosta?
Gosto da simpatia das pessoas, o sistema educativo, a carne, os legumes, das idas ao Pub ao final do dia de trabalho, enfim, a qualidade de vida no geral mais calma.
O que mais me incomoda é o preço das rendas de casa e dos seguros. O tempo não é assim tão mau para quem vem do norte de Portugal, mas um pouco mais de sol não fazia mal nenhum, especialmente no Inverno.
Europamos: Quais os pontos positivos de morar na ilha de esmeralda em relação a Portugal?
O sistema de ensino é muito bom e impera o civismo nas escolas. As casas super aquecidas em que parece verão o ano inteiro. O facto de sair 10km do centro da cidade e parecer que estamos em Trás-os-Montes. Por fim o verde dos campos e o ar limpo da montanha.
Europamos: Quais os pontos positivos de Portugal em relação a Irlanda?
O clima é mais quente e tem mais sol. A comida portuguesa bate 10 a 0 a da Irlanda. Algumas infraestruturas em Portugal são melhores como a rede de auto-estradas e centros urbanos melhor organizados.
Europamos: O salário que recebe na Irlanda compensa para se ter uma vida digna?
Por sorte estou numa área bem paga e para já conseguimos manter um bom padrão de vida. Mas para o irlandês médio as coisas estão a apertar um pouco, muito parecido com Portugal. As rendas das casas estão muito inflacionadas devido à pouca oferta principalmente nas grandes cidades e muito em particular na capital Dublin. Uma casa com 3 quartos ronda os 1800€ mensais quando o rendimento médio de um irlandês é de 2200. Os seguros de saúde e de automóvel também pesam bastante no orçamento.
Europamos: Sobre o clima, gosta, não gosta? É possível conviver com graus negativos? Muda o humor?
Não desgosto. Acho que o mais complicado é a falta de sol no inverno. O frio combate-se com um bom casaco, gorro e luvas. Se se estiver de mau humor, faz-se como os Irlandeses: vai-se ao pub beber uma “Pint”. Como não gosto de temperaturas muito altas, acho que por aqui estou bem. Mas atenção sol de cá, é que queima mesmo.
Europamos: Comparando o custo de vida x salário entre Portugal e a Irlanda, na sua opinião qual local oferece uma qualidade de vida melhor, sem preocupações?
Para já a Irlanda oferece melhores condições.
Europamos: Quando chegou no país já possuía um trabalho ou aplicou para a vaga quando estava por cá?
Foi tudo muito bem planeado. Passei a primeira semana de dezembro 2016 em Dublin com entrevistas intermináveis. Foi muito cansativo, mas acho que valeu bem a pena pois consegui um bom contrato de trabalho permanente nessa semana. Por sorte consegui também arrendar um quarto numa casa partilhada para começar em janeiro de 2017.
Europamos: Tem planos de ficar ou voltar para Portugal?
Não temos planos para voltar a Portugal. Esta mudança tem também como objetivo proporcionar um ambiente diferente de aprendizagem e experiência para os nossos filhos. Mas nunca se sabe o que pode acontecer no futuro. Podemos morar/trabalhar em qualquer lado desde que estejamos todos juntos e sejamos felizes.